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* RESENHA CRÍTICA DO FILME AMOR SEM ESCALAS

DÉBORA MARQUES


Direção e roteiro: Jason Reitman. Filme baseado em livro de Walter Kirn. Elenco: George Clooney, Anna Kendrick, Vera Farmiga. 109 minutos. EUA. Rickshaw Productions, 2009.


          Ryan Binghan (George Clooney) é um executivo colecionador de milhas, que tem a profissão de demitir as pessoas dos seus empregos. Com a vida de viagens e escalas por todo o país ele realiza palestras motivacionais utilizando como crônica uma mala: ‘‘Carregamos tanto peso que não conseguimos nos mover e não se engane a vida é movimento’’ em referência as coisas que nos atrasam e pesam em nossas vidas; e com frases reflexivas: ‘‘Quanto te pagam por mês para você desistir dos seus sonhos?’’. Instruído de técnicas e roteiros prontos para cada demissão, Ryan incentiva a procura e a realização dos sonhos esquecidos, fazendo-os enxergar o desligamento como uma oportunidade para o renascimento de uma nova vida.

Em processo de reduções de custos e gastos com viagens e hospedagens, o escritório onde Ryan trabalha acata a idéia da recém contratada Natalie Keener (Anna Kendrick); que propõem a realização dos desligamentos via vídeo conferência. Ryan então temendo a perda de seus benefícios e privilégios - como suas preciosas milhas -, se vê comprometido a provar a jovem o erro de sua implementação, levando-a durante todas as demissões realizadas por ele, com o intuito de mostrar como o desligamento afetava a vida de cada funcionário e como a ‘‘presença’’ era importante em um momento tão delicado. Depressão, fragilidade familiar, segurança financeira abalada, sentimento de estar sendo traído pela empresa pelos anos de dedicação ‘‘perdidos’’ na organização, como por exemplo, foi dito por um deles: ‘‘É isso que recebo em troca após 30 anos de serviço nessa empresa?’’ e insinuações de suicídios; são vários dos problemas encontrados por eles.

Por estar sempre em movimento, Ryan raramente é encontrado em casa e dificilmente mantêm relações duradouras, porém tudo muda quando; entre viagens e hospedagens; ele conhece a misteriosa Alex Goran (Vera Farmiga); uma mulher de perfil parecido com o seu; que o faz repensar sobre suas próprias teorias de não possuir laços e vínculos em um único lugar, deixando-o mexido com a idéia de fincar um compromisso e criar raízes.

          O filme apresenta as dificuldades e as frustrações encontradas nas vertentes profissionais. O empregador demonstra frieza e apatia no encerramento do vínculo com o funcionário quando contrata os serviços de uma empresa para realizar o desligamento, transmitindo o sentimento de insensibilidade; e o empregado, por sua vez, demonstra incompreensão pelo desligamento, se sente injustiçado e fica inconformado com a atitude da empresa.

Muitos dos problemas enfrentados na profissão que Ryan executa é a imprevisibilidade enquanto as reações das pessoas; pois realizar o desligamento de um funcionário em tempos inesperados pelo colaborador pode causar danos irreversíveis à saúde e a mente do mesmo, pois ele pode estar em crise financeira e ser pego desprevenido. O problema se torna muito maior quando o demitido é frágil e não possui um suporte emocional de seus familiares e amigos para superar essa fase difícil; o que o leva ao suicídio – uma resolução mais fácil de seus problemas; que na maioria das vezes, têm como causas o tamanho da insatisfação e a sensação de nunca mais encontrar outro emprego, levando o recém demitido ao máximo do extremo.

O longa transmite os momentos nos quais se encontram várias pessoas atualmente de forma a identificar como o processo de demissão é capaz de transformar a vida do funcionário, como as dificuldades financeiras encontradas pelas empresas são decisórias para os desligamentos e como a forma da aplicação da demissão pelo ponto de vista de uma nova chance e de recomeço de modo sensível e capaz de lidar com os sentimentos e reações das pessoas é uma boa opção para manter preservadas a segurança e a saúde dos seus futuros demitidos.



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