DÉBORA MARQUES
JULIANA SOUSA
NATHÁLIA RODRIGUES
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo geral
demonstrar a importância da cultura entre a sociedade, por meio de uma pesquisa
bibliográfica e documental, abordando o tema de forma qualitativa, tendo como
objetivos específicos apresentar alguns conceitos culturais sobre a visão de
mundo do ser humano, crenças e costumes e a cultura determinante de cada grupo,
e assim expor os comportamentos que os tornam característicos de seus
conhecimentos descrevendo os vários modos de cultura. Assim, com base no que
foi pesquisado na internet e nos trabalhos que serviram de arrimo para o presente
artigo, chega-se a afirmação de que a cultura é imprescindível e fundamental
para o desenvolvimento humano.
Palavras-chave:
Cultura. Comportamentos. Desenvolvimento humano.
ABSTRACT
This article aims to demonstrate the importance of culture among society, through a bibliographical and documentary research, addressing the subject in a qualitative way, having as specific objectives to present some cultural concepts about the world view of the human being, beliefs and customs and the determining culture of each group, and thus expose the behaviors that make them characteristic of their knowledge by describing the various modes of culture. Thus, based on what was researched on the internet and the works that served as support for the present article, comes the affirmation that culture is essential and fundamental for human development.
Keywords: Culture. Behaviors. Human development.
INTRODUÇÃO
Todo indivíduo desde que nasce, é influenciado a seguir
algum tipo de cultura. Desde a antiguidade, os costumes e crenças são
determinantes para a construção de uma identidade cultural. Para Abud e Olivieri
(2018) conforme o passar dos anos, a vida humana passou a se organizar e os
significados de cultura passou a obter múltiplos sentidos devido as grandes
mudanças e as novas épocas que surgiam, pois cada período histórico construiu
hábitos particulares e por isso a cultura não pode ser medida pela sociedade
por seus princípios isolados, mas sim compreendidas pelo seu todo.
Povos diversificados pelo mundo possuem símbolos e
significados, regras e relações de confiança na fé baseadas em ensinamentos
empíricos comumente expressos nos grupos de que fazem parte desenvolvendo uma
visão do mundo do que é certo ou errado, deste modo à cultura é definida como a
responsável pela identificação de determinados grupos na sociedade, caracterizados
pelo modo em que vivem, agem, se vestem e se posicionam. Em outras palavras, a
cultura é a principal característica humana, pois ela molda o indivíduo e o
define.
A cultura pode ser entendida como tudo que é produção humana, ou
seja, é a maneira que cada indivíduo possui de falar, vestir, comer,
manifestar-se. [...] É por sua vez um componente ativo na vida do ser humano e
manifesta-se nos atos mais corriqueiros da conduta do indivíduo e não há
indivíduo que não possua cultura, pelo contrário cada um é criador e propagador
de cultura. (PAVAN, 2016, p. 4).
Deste modo, a cultura é algo que está conciso no ser
humano. Segundo Porto (2011) ao compreender sua formação ao longo dos tempos, a
cultura passa a ser constituída como algo multidisciplinar e sua participação
na história como algo essencial dentro da perspectiva contemporânea.
Partindo do pressuposto, este artigo tem como objetivo
geral compreender a cultura como influenciador da cosmovisão do ser humano
através das heranças culturais apresentadas pelo seu grupo social e ambiente
onde reside.
Pretende-se especificamente:
- Compreender a
diversidade cultural como influente na identidade do individuo;
- Analisar as troca
e/ou fusões entre culturas como processo de aculturação;
- Verificar a
endoculturação como condicionador da natureza humana pelo aprendizado cultural;
- Identificar a
cosmovisão do ser humano e seus grupos;
- Averiguar o
determinismo biológico como uma herança genética de personalidade cultural;
- Explorar como o determinismo
geográfico conceitua a localização do individuo como responsável pelas suas
expressões culturais;
- Enfatizar a
importância do respeito na valorização da cultura entre os povos.
A escolha deste estudo justifica-se em identificar o
aprendizado cultural no âmbito social como formação das identidades dos
indivíduos e sua visão de mundo. Neste contexto, escolheu-se aprofundar nos
vários tipos de conhecimentos culturais necessários para desenvolver, captar e
formar os indivíduos de forma a agregar os valores aplicados durante sua vida.
Os dados coletados serão de caráter explicativo com base
em referências sólidas. A definição do campo deste artigo far-se-á através de
um estudo exploratório específico pelo qual se propõem chegar à abordagem dos
vários tipos de cultura e na interpretação do homem sobre a sua cultura através
da visão perpetuada pelas suas gerações.
2. DIVERSIDADE CULTURAL: INFLUÊNCIA NA IDENTIDADE DO INDÍVIDUO
A diversidade cultural é definida pelas suas várias
vertentes que caracterizam particularmente um grupo de indivíduos em um
ambiente através de suas erudições. São inúmeras culturas espalhadas pelo mundo
e que tem como responsabilidade a definição da identidade de seus membros.
Algumas pessoas possuem total fidelidade pela sua
cultura, tornando-se assim um ser incapaz de abandoná-lo. Suas crenças e
valores são julgados como sagradas e jamais podem ser desrespeitadas. Alves
(2010, p.541), descreve: ‘‘É em nome da preservação e promoção da diversidade e
da identidade cultural que muitos estados nacionais e instituições
transnacionais passaram a defender a elaboração e execução de novas políticas
públicas de cultura. ’’ Para conseguir, deste modo, cultivar a presença do
respeito entre as culturas.
A identidade cultural é um sentimento que une o ser
humano com o grupo no que faz parte. De acordo com Patriota (2002) a identidade
é capaz de gerar o sentimento de pertencer a uma cultura seja regional ou nacional
e que está presente na vida do homem, desde quando nasce. As identidades dos
grupos humanos são distintos pelos traços de conhecimento, temperamento e
inteligência. Esses traços são identificados e podem ser observados quando são
manifestados através de seus comportamentos dentro dos grupos.
As culturas religiosas também possuem suas
características baseadas nos ensinamentos ao longo do tempo. Para Laplatine
(2014) o comportamento dentro das religiões também é diversificado e suas
características podem ser observadas através de suas práticas. Para entrar em
edifícios religiosos na Europa, os fieis tiram o chapéu e continuam com os
sapatos, já os muçulmanos em uma mesquita tiram os sapatos e permanecem com os
chapéus.
Dentro de uma mesma cultura, várias expressões podem ser
identificadas. Cada expressão possui uma influência baseada em hábitos e
experiências compreendidas ao longo da existência de cada individuo. É evidente
a presença do aprendizado empírico como maneira de passar os conhecimentos através
de uma herança cultural.
2.1 ACULTURAÇÃO: UMA
TROCA E/OU FUSÃO ENTRE CULTURAS
A união entre duas ou mais culturas geralmente resultam
em mudanças para todos os envolvidos. Quando essas culturas se fundem ocorre o
processo de aculturação. Pressoto e Marconi (2015) afirmam que a sociedade que
passa pelo processo de aculturação acaba ajustando seus costumes ao da cultura
dominante, mas que apesar das alterações conserva na identidade algo de sua
cultura.
No decorrer dos anos as culturas se unificam, criando uma
nova cultura, essas por sua vez, se juntam com outras culturas e criam outra
cultura. Em exemplo temos as grandes conquistas no período colonial. O Brasil,
como um deles, sofreu a junção de três culturas: africana, europeia e indígena,
e apesar dessa mistura, cada região brasileira possui sua própria cultura e que
também se misturam com as culturas das outras regiões. Para Santos e Barreto
(2011) a aculturação pode ser interpretada como um empréstimo de costumes e
conhecimentos que não possuem limite de durabilidade ou prazo de validade e que
as culturas podem ser influenciadas por outras culturas através do ensinamento
de novos hábitos.
2.1.1
Endoculturação: A natureza humana como resultado de um aprendizado cultural
A endoculturação está presente na vida do ser humano
desde o seu nascimento e é baseado nos ensinamentos culturais da região como
forma de aprendizagem. Para Assis e Nepomuceno (2007) a endoculturação acontece
de forma automática de modo que os ensinamentos culturais são transferidos
primeiramente através da mediação dos familiares e amigos; logo mais a frente;
pelos grupos sociais no qual o individuo passa a interagir, como os grupos
religiosos, grupos políticos, entre outros.
Como exemplo de um caso de endoculturação, Assis e
Nepomuceno (2007) citam a história de Amala e Kamala. Duas crianças achadas em
1920, vivendo entre lobos e de que nada se pareciam com crianças normais da sua
idade. Pelo convívio com os lobos, as crianças possuíam limitações nas falas e
no caminhar, se comunicavam por gestos com a cabeça e se alimentavam somente
com carne crua ou podre. Levadas para uma instituição humanizada passaram dias
encolhidas e acanhadas, temendo contato físico e qualquer tipo de ajuda.
Infelizmente Amala não conseguiu sobreviver, e Kamala chorou a sua morte,
demonstrando pela primeira vez seus sentimentos. Com o passar dos anos, ela
aprendeu a andar e a falar poucas palavras e também a interagir com as pessoas.
Aos poucos passou a ter afeto com aqueles ao seu redor e com as outras crianças
com quem conviveu.
Este caso dos meninos lobos mostra como a endoculturação
é um processo que sanciona e conserva o modo de vida, pois é responsável pelo
que o individuo se tornará, sendo ainda, uma base estruturada capaz de
modificar atitudes e pensamentos.
O processo de endoculturação (ou
enculturação), apesar de estender-se por toda a vida do individuo, apresenta
variações e intensidades diversas. Na infância ele se reveste de muita
importância. É nela que ocorrem as primeiras experiências e contatos com a
cultura. A criança, então, assemelha-se a uma esponja – absorve toda a
experiência cultural: adquire os condicionamentos fundamentais, como hábitos de
comer, dormir, falar, pensar. Alguns chegam a dizer que a criança nasce sem
personalidade. É com a endoculturação que o individuo vai modelando sua
personalidade. Mas a endoculturação não termina na infância. Ela perdura por
toda a vida. (MELO, 2015, p.87).
Tendo como base os familiares, a criança copia e repete
tudo que ver e ouvi, sendo por tanto um ser em fase de aprendizado e
crescimento. De acordo com Oliveira (2014): ‘‘Por meio da endoculturação se dá
a transmissão da cultura.’’ Uma cultura capaz de diferenciar povos e unir seus
membros, sendo assim, a endoculturação se torna um grande responsável pela
continuidade de diversas culturas preservadas entre tantas gerações.
2.2. CULTURA:
COSMOVISÃO DO SER HUMANO E SEUS GRUPOS
Muitos povos
consideram os seus costumes diferentes de outras culturas das nações do mundo e
esse é o principal motivo de se manterem afastados. Possuem a diversidade de modos,
comportamentos e hábitos muito característicos e presentes no convívio em grupo.
Doutrinados pela cultura portuguesa, os primeiros
habitantes indígenas sofreram a opressão e a escravidão imposta pelos novos
colonizadores. Sua cultura religiosa passou a ser a católica, pois era
considerada pelos portugueses como a única cultura religiosa que deveria ser
seguida e não a cultura espiritual naturalizada e fidelizada naquelas terras
anteriormente. Segundo Silva (s.d) ‘‘O relacionamento com estes povos provocou
alterações na cultura dos primeiros colonizadores. Não era possível escapar a
essa influência. Todos eram, e precisavam ser portugueses e católicos. ’’ Com
uma longa história doutrinadora, a cultura religiosa católica é até hoje muito
característica em todas as regiões do Brasil.
O modo como o mundo é observado por várias culturas pode
ser definida pelo conjunto de papeis que é desempenhado e é estabelecido pelas
condições sociais herdadas ou construídas por cada grupo. Em exemplos alguns dos
povos, como relata Laraia (2015 p. 15 - 90):
· Indígenas
brasileiros: Para os índios Jê um casal só conseguirá ter um filho depois que
tiverem várias relações sexuais até que a criança esteja completamente desenvolvida
e pronta para vir ao mundo. Se por acaso, durante a gestação a mulher tiver
relações sexuais com outro homem, ele também se tornará pai e a criança terá
uma mãe e dois pais. Para os índios Tupis a criança é exclusivamente
pertencente ao pai, devido à criança ter vivido sempre no interior do homem, já
estaria planejado para vir ao mundo e usaria o ventre da mulher somente para a
gestação. A mulher é vista como uma bolsa para o crescimento do bebê, e quando
o mesmo nasce é o homem que se recolhe a rede e passa o resguarde com o filho e
não a mulher, pois considera que assim esteja protegendo sua saúde e a saúde do
bebê.
· Hinduísmo:
Possuem respeito à antiguidade e a tradição. Como descreve Coutinho (2010) a
carne da vaca é proibida aos hindus, devido a carne ser considerada sagrada; eles também acreditam em vários deuses e em
reencarnação. A cultura religiosa hinduísta é a terceira com mais praticantes
pelo seu número de seguidores e sofreu alterações ao longo dos anos se tornando
hoje uma religião politeísta por acreditar em diversos deuses.
· Mulçumano:
A carne de porco é interditada aos muçulmanos. Possuem uma cultura
religiosa
voltada para os ensinamentos do profeta Maomé que teria recebido visões do
arcanjo Gabriel. O adultério é considerado contravenção grave e pode ser punido
com a morte. As mulheres não podem mostrar o rosto em público.
· Ciganos
da Califórnia: Para os ciganos da Califórnia a obesidade é caracterizada como
um
apontador de virilidade, enquanto para outros grupos de ciganos é considerada
uma forma de ganhar bonificações do governo por ser considerado deficiência
física.
· Japoneses:
Para citar uma de suas culturas, os japoneses possuem a visão de que se uma
pessoa endividada não conseguisse se livrar das dívidas até o Ano Novo, o mesmo
se suicidaria para conseguir limpar o seu nome e o de sua família. O ritual de
suicídio é considerado ato de heroísmo e é um costume desde os tempos da
Segunda Guerra Mundial.
· Europeus:
Em algumas praias europeias o nudismo é tolerado. Na Inglaterra o sentido de
trânsito é seguido pela mão esquerda. Na França existem hábitos culinários
peculiares por rãs e escargots.
Esses
vários costumes podem parecer estranhos para quem não é praticante da cultura
de cada lugar, mas para o povo que vivencia este aprendizado e convive
diariamente com esses hábitos são práticas normalmente aceitáveis.
Se
oferecêssemos aos homens a escolha de todos os costumes do mundo, aqueles que
lhes parecessem melhor, eles examinariam a totalidade e acabariam preferindo os
seus próprios costumes, tão convencidos estão de que estes são os melhores do
que todos os outros. (LARAIA, 2015, P.11).
O costume de discriminar as diferentes culturas porque
pertencem a outros grupos não pode estar dentro dos padrões de uma sociedade. A
opressão é uma característica praticada por aqueles que não aceitam o modo de
vida de outros diferentes grupos existentes no planeta, o modo como vivem, a
forma que convivem uns com os outros e suas diferenças são gatilhos para a
geração de ódio e intolerância.
2.2.1
Determinismo Biológico: Uma Herança Genética de Personalidade Cultural
Para muitas culturas a natureza humana pode ser definida
pelos suas características genéticas, justificando assim seus comportamentos. O
determinismo biológico acredita que as atividades exercidas dentro de uma
cultura podem ser definidas pelos aspectos genéticos. Segundo LARAIA (2015 p.
19) ‘‘ A antropologia tem demonstrado que muitas atividades atribuídas às
mulheres em uma cultura podem ser atribuídas aos homens em outra. ’’ Desta
forma, as características humanas podem ser indicadores de capacitações.
Em algumas culturas as mulheres possuem papéis diferentes
das dos homens. Laplatine (2014) relata que na ilha de Alor, as mulheres
cultivam a terra enquanto os homens são responsáveis pela educação das
crianças, assim também acontece na sociedade Chaumbuli onde o homem é destinado
a cuidar dos filhos enquanto é dada a mulher o papel de pescar e trazer a
comida para a família.
O ensinamento de hábitos culturais femininos pode também
ser destinado ao homem. Como as atividades domésticas, por exemplo, que antes
era mais destinada à mulher ser dona do lar e hoje muitos homens estão
assumindo este papel, até mesmo homens que vivem sozinhos, ou são pais
solteiros, ou possuem uma relação homoafetiva, ou poliafetiva. Laraia (apud MEAD, 2015, p19) relata que: ‘‘até
a amamentação pode ser transferida a um marido moderno por meio da mamadeira’’.
Ou seja, a existência da mudança de papéis na sociedade já é uma realidade,
porém muitas culturas ainda seguem a definição de atividades pelo sexo, raça,
cor ou classe social.
O Determinismo biológico possui ainda caráter
discriminatório. Para Freitas (2009) o determinismo biológico classifica e
padroniza os homens, principalmente pela raça e condição social, de forma, por
exemplo, na classificação dos homens negros como inferiores aos homens brancos
pelo simples fato de sua genética. Tomemos
um exemplo na seguinte frase: ‘‘Aquele negro é o ladrão!’’ Esta simples frase,
caracteriza o determinismo biológico quando associa que o ladrão só pode ser o
negro, que pela sua genética seria o único capaz de roubar. Isso se dá pela
cultura implantada em algumas sociedades que cultivam o julgamento precoce
através do atavismo.
Por
outro lado, a postura determinista não se limita ao biológico, de modo que é
possível encontrar diversos estudos – principalmente no campo das ciências
sociais – que assumem uma posição determinista ao apontar para a construção
social de comportamentos e cognição sem levar em consideração a relevância dos
aspectos biológicos. (ANDRADE; SOUZA, 2012, p.2).
O determinismo biológico também associa a nacionalidade do
indivíduo com suas expressões culturais, devido que: uma pessoa nascida no
Oriente terá um alto nível de Inteligência; uma pessoa nascida na Alemanha terá
dons para mecânica; uma pessoa nascida na Itália terá dons para massas ou que
uma pessoa nascida no Brasil terá sempre aquele jeitinho brasileiro de
conseguir algo.
Cada indivíduo aprende uma cultura e está sujeito a
adquirir novos conhecimentos e costumes. Para Laraia (2015), se uma criança
oriental for levada para a Inglaterra ainda com a inocência cultural, a mesma
virá a crescer como uma criança inglesa, mesmo tendo nascido em outro país. Ou
seja, qualquer criança ou adulto pode absorver novas culturas e novas crenças
basta ser portado para tal região do mundo.
2.2.3
Determinismo Geográfico: A Localização Como Responsável Pelas Expressões
Culturais
Apesar de ocupar um mesmo ambiente geográfico, a cultura
pode apresentar diversas posições para diferentes grupos étnicos. Para o
determinismo geográfico a cultura de uma organização possui seus costumes e
crenças a partir de sua localização geográfica. Para Gardini (2007) as teorias
do determinismo geográfico buscavam comprovar que as reações climáticas de um
lugar possuíam influência nas percepções culturais do individuo. De modo que o clima e seu ambiente são os
responsáveis pelo modo de vida social de uma organização cultural.
Em todos os espaços onde a cultura está presente, suas
características possuem seguimentos distintos. Segundo Arcassa e Mourão (apud Ratzel, 2011, p8) atribui ao
determinismo geográfico: ‘‘o que define e dá coesão a um povo é o território
que compartilha, e sua história, quer dizer o tempo e o espaço comuns. ’’ De
forma que cada grupo interpreta sua cultura de modo peculiar, independente das
barreiras enfrentadas em sua localização.
A cultura de um indivíduo pode sofrer mudanças, apesar
dos costumes serem traços culturais adquiridos e mantidos em um ambiente de
convívio. O determinismo geográfico conceitua a diversidade no espaço físico
como total indicador de cultura para a sociedade. Laraia (2015) afirma que
apesar de vários grupos conviverem em um mesmo ambiente, estes grupos passaram
a viver da sua própria cultura, mesmo que seu hábitat seja o mesmo dos outros
grupos. Laraia cita três exemplos de povos que não comprovam a filosofia dos
deterministas geográficos. São eles:
· Os
lapões e esquimós: Apesar de viverem nas calotas polares do norte, os lapões se
diferenciam dos esquimós. Os esquimós constroem seus iglus e os forram com
peles de animais, quando veem a necessidade de partir, abandonam seus lares e
partem em rumo a um novo lugar mais benéfico, e no novo lugar constroem tudo
outra vez. Os lapões por sua vez, vivem em tendas, e quando veem a necessidade
de partir, desconstroem tudo e carregam com si todos os pertences conquistados,
não deixando nada para trás.
· Os
índios Pueblo e Navajo: Residentes no norte americano os índios Pueblo e Navajo
possuem costumes diferentes. Os Pueblo vivem em uma reserva agrícola com base
na economia do cultivo de milho e os Pueblo se alimentam de castanhas selvagens
e sementes de capim, além de serem pastores de rebanhos de ovelhas.
· Os
índios Xingu e Kayabi: Os índios Xingu e Kayabi são habitantes do interior do
Brasil, mas, porém vivem de formas totalmente distintas. Enquanto os índios
xinguanos desprezam a caça aos mamíferos e a alimentação destes animais e se
alimentam de peixes e aves os Kayabi são exímios caçadores e possuem como preferidos
os animais de grande proporção.
A cultura é responsável por gerar novos conceitos e novos ideais a partir de novas experiências. ‘‘Ou seja, o homem pode moldar o ambiente e adaptá-lo às suas necessidades, ao longo de certo tempo, longo, sem dúvida, para isto precisando, porém, de capitais.’’ (SAMPAIO, 2017, p2). Assim sendo, o ser humano se adéqua as suas privações e a sua localidade, se tornando responsável pelo sua cultura e o que constrói a partir dela.
2.4. RESPEITO: A
IMPORTÂNCIA DA VALORIZAÇÃO DA CULTURA ENTRE OS POVOS
Todas as
culturas possuem suas características, práticas, hábitos, crenças e por tanto,
devem ter a liberdade de se expressarem de forma autônoma. Todos os serem
humanos em algum momento da vida são envolvidos por algum tipo de cultura, seja
desde o seu nascimento ou até mesmo quando se associa com algum grupo no qual
se identifica depois de adulto.
A Cultura é algo popular por ser construído ao passar dos
anos pela sociedade. Catenacci (2001) relata que a cultura apesar de ser preexistente
pode ser apresentada de várias formas e de várias maneiras, como exemplo a
cultura de hoje; que se difere totalmente da cultura dos anos 20 e 30. Como
afirma Godoy e Santos (2014) a cultura humana é variada e além de mudar com o
tempo: ‘‘A cultura também muda de lugar para lugar: a cultura do estado de São
Paulo não é a mesma da Indonésia, a cultura varia com os povos: a cultura dos
aborígenes não é a mesma dos índios do Oiapoque. ’’ Assim, pois, vale a cada
individuo procurar compreender e respeitar o espaço do outro, visto que a
cultura humana é algo consagrado e que necessita de valorização.
Um mundo mais limpo seria aquele em que,
junto com a civilidade, se desenvolvesse também uma cultura universalista, em
relação à qual as demais manifestações e produções culturais dos outros povos
não passariam de casos particulares – como que variações em torno de um ideal
maior e mais importante –, ou de simples imitações, ou de degenerescências
lamentáveis. [...] Em outras palavras, isso significa o rebatimento de tudo e
de todos a um Mesmo; em termos culturais, significa uma identidade única e a
rejeição de toda e qualquer diferença. (NETO, 2003, p23).
A cultura é uma herança transmitida através dos povos e
sua diversidade é imensurável. Por mais que os costumes, vestes, cabelos, crenças
religiosas ou os hábitos possam parecer estranhos, toda cultura se torna
essencial para o desenvolvimento do ser humano. Como relata Stork e Echevarría
(2005, p.350): ‘‘ A cultura é livre, e, portanto, convencional, variável, histórica.
’’ Por isto, o respeito é algo necessário e tão importante.
METODOLOGIA
Para alcançar os
objetivos propostos, utilizamos de meios de pesquisas bibliográficas e de
caráter documental. Para Carvalho, et al. (2004) uma pesquisa bibliográfica é
uma busca de referências já publicadas, observando e debatendo as contribuições
culturais e cientificas. É uma forma de obter conhecimento através de várias
leituras.
O estudo apresentado tem como característica, pesquisa
exploratória, descritiva e explicativa. Apresenta abordagem exclusivamente qualitativa.
Para Nunes (2017) a pesquisa qualitativa empenha-se em apresentar os
significados e valores determinados para a compreensão e explicação das
dinâmicas das relações sociais com o objetivo de abordar informações
aprofundadas.
Os dados foram coletados a partir de pesquisas
bibliográficas em livros, documentários especializados e artigos científicos, a
partir do qual buscamos demonstrar a diversidade cultural através dos tempos e
a visão de mundo do homem com relação a sua cultura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos estudos apontados conclui-se que, a
cultura é de grande influência no âmbito social do individuo e que tem várias
formas de ser interpretada, do mesmo modo que a visão de mundo do homem pode
ser influenciada pela sua cultura e pelo ambiente em que está inserido.
Devem-se por tanto, as grandes
influencias geracionais o caráter de agradecimento individual pela cultura que
desfrutamos e que tivemos a honra de conhecer e vivenciar. Somos movidos pela
cultura e fazemos parte dela. Somos únicos pela nossa personalidade e
conhecimentos. Podemos concluir que a cultura e sua herança tão rica
proporcionam ao homem enquanto leigo, a oportunidade de se tornar um ser verdadeiramente
humano, melhor e capaz de compreender sua própria identidade e se orgulhar
dela.
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